Descrição
Sigrid Renaux
Edição: 1a
Páginas: 96
Formato: 15 x 21 cm
Peso: 100 g
Miolo: papel ofsete 90 g/m²
Capa: cartão supremo 240 g/m²
Acabamento: costurado, laminação fosca
Capa: cartão supremo 250 m/g²
Ano de publicação: 2011
ISBN: 978-85-62450-17-4
A delicadeza dos poemas de Sigrid Renaux pede uma apresentação no mesmo tom. Temos aqui textos que despretensiosamente revelam o seu refinamento; o cuidado artístico na composição deixa fluir o que – em termos teóricos – acostumamo-nos a chamar de “lirismo”. Lirismo expresso pela percepção livre daquilo que cerca a poeta, seja a natureza, o escuro das ruas ou o abandono dos objetos.
Esses sons e silêncios, da poeta Sigrid, se apresentam suavemente aos sentidos de quem os acompanha. Além do ritmo, acalanto aos ouvidos, esses poemas trazem cores, ora suaves, ora luminosas, a ponto de ofuscar um presente imediato e levar a percepção a uma zona intermediária entre o ontem e o amanhã. A percepção do tempo – sua duração e impermanência – é enunciada pela sensibilidade poética da autora sem que seja necessário nominá-lo.
bordada de flores azuis
uma toalha antiga floresce ainda
entre canteiros rasgados de crochê
A expressão lírica ganha força pela contenção e elegância ao calar a dor pelo que passa. Há, na voz poética de Sigrid, a consciência lúcida do tempo, sem que isso se torne um lamento; é antes o inventário feliz do que permanece.
luminosos
os braços do vento envolvem
os raios de sol da manhã
Cada leitor se sentirá, com certeza, envolvido pela atmosfera criada pelos poemas deste livro. Entre imagens de peixes dourados, vermelhas buganvílias e sóis amarelos em manhãs de luz, o leitor se vê presenteado por um mundo em calma entrega. Um mundo de rara percepção, se tivermos em mente que os sons que atravessam nosso dia, no mais das vezes, trazem a angústia da pressa ou o horror de um tempo sem esperança.
A palavra ofertada pela poeta é alento e confiança, neste sentido é também consolo, função máxima da literatura. Mesmo ao reconhecer tons de amargura nos movimentos do mundo, como no poema “num ônibus vazio”, a dicção poética de Sigrid sugere o movimento que relativiza a solidão:
num ônibus vazio
dois jovens
solitário
o motorista conversa com o ziguezague das luzes
nas ruas desertas
Da leitura destes poemas resulta a sensação de termos usufruído de calma e silêncio, os sons e cores sugeridos aqui não são aqueles do desespero moderno; se oferecem mais como a comunhão necessária para que a vida ganhe um sentido especial e a experiência seja apreendida pela significação poética.
Silvana Oliveira
Sobre a autora
Carioca, ponta-grossense, radicada em Curitiba, Sigrid Paula Maria Lange Scherrer Renaux é licenciada em Letras Neo-Latinas (UEPG) e Anglo-Germânicas (PUC/PR), mestre em Estudos Anglo-Americanos e doutor em Literatura Norte-Americana e Inglesa (USP), com pós-doutorado pela Universidade de Chicago. Realizou também cursos nas universidades de Montpellier, Oxford, Lancaster e Cambridge. Professora titular (aposentada) de Literaturas de Língua Inglesa da UFPR. Professora do curso de Mestrado em Teoria Literária da Uniandrade. Além de traduções de contos e de artigos, publicou numerosos artigos e ensaios de crítica literária, principalmente sobre poetas, romancistas e dramaturgos de língua inglesa, em capítulos de livros, revistas nacionais e estrangeiras e em anais de congressos no Brasil e no exterior. Organizou, com Hein L. Bowles, a obra Bruno Enei: aulas de literatura italiana e desafios críticos (Ponta Grossa: Todapalavra Editora, 2010).
Livros publicados por Sigrid Lange Scherrer Renaux
Poesia: Do mar e de outras coisas (Curitiba: O Formigueiro, 1979); Azuis: poemas (Curitiba: Ed. do autor, 2006), que recebeu o XVI Prêmio Apollo Taborda França de Literatura 2007 do Rotary Club de Curitiba; Outros Azuis (Curitiba: Secretaria de Estado de Cultura do Paraná, 2009).
Crítica literária: A Volta do Parafuso: uma leitura icônico-simbólica do conto de Henry James (Curitiba: Editora da UFPR, 1992); The Turn of the Screw: a semiotic reading (New York: Peter Lang, 1993).
Alguns comentários sobre a obra poética de Sigrid Lange Scherrer Renaux
“É esta a poesia atual de Sigrid Lange: uma poesia que, cada vez mais, adquire sugestões e significados através de uma alegoria que é própria das coisas; através de um simbolismo sem arbitrariedade, sem esforço”.
Bruno Enei, em ensaio publicado no Jornal da Manhã, de Ponta
Grossa, em 5/6/1959, referindo-se a alguns poemas que seriam
Posteriormente publicados em Do mar e outras coisas (1979).
Fixar o efêmero
“Porque do que é passageiro, Sigrid Renaux se apossa: ‘Eu tenho a tarde toda para olhar as nuvens/eu tenho a tarde para olhar/ a tarde’. Assim, do lento ou apressado deslizar das nuvens no céu, como do som do mar na madrugada e da luz que bate nos seus olhos fechados, com o poder que é dado aos poetas, ela os aprisiona em pequenos versos que palpitam de vida e de beleza.”
Cecília Zokner, em comentário sobre o livro Azuis (2006), no ensaio
“Literatura do Continente” (Jornal O Estado do Paraná, 21/12/2006)
“What beautiful delicate poems. I salute you. Love, PK”
P. K. Page, poeta canadense, em carta a Sigrid Renaux
“(…) a poeta não se esquiva aos grandes temas. Na delicada textura dos poemas deixa entrever, renovados, topoi de todos os tempos: a efemeridade da experiência, a nostalgia do passado, a beleza da natureza, o mistério do cosmos, os perfis dos que se foram. A subtileza do tratamento, que impede a banalização, foge também ao risco do hermetismo.”
Solange Ribeiro de Oliveira (UFMG),
reportando-se ao livro Outros azuis (2009)
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